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domingo, 22 de setembro de 2013

Engenheiro também deve saber... como trabalha o sistema monetário... de onde surge o dinheiro, você sabe?



RESUMO
O dinheiro do sistema monetário mundial atual nasce, acredite, “a partir do nada”, segundo o documentário do canadense Paul Grignon (2006), onde os bancos privados utilizam do dinheiro dos clientes e depois o emprestam com juros. Este sistema parece absurdo, porém baseia-se na dívida e permite a formação de um sistema complexo, com possibilidade de bolhas especulativas e até depressões em casos de extremo descontrole comercial. Infelizmente a realidade é que são os bancos que emprestam dinheiro aos governos que depois o imprimem e não o contrário. Por isso os impostos têm que ser aumentados para o governo pagar os juros aos bancos.
Desta forma, o total dos empréstimos é muito superior ao total do dinheiro depositado. A quantidade de dinheiro “real” guardado nos bancos para pagar aos depositantes é apenas uma pequena parte do total que seria necessário se todos os depositantes o quisessem levantar ao mesmo tempo!
Conhecido como “empréstimo baseado em reserva fracional” ou “empréstimo sem cobertura ou lastro, ou seja,
a quantidade de dinheiro que um Banco pode emprestar pode variar geralmente entre 8 a 12 vezes o dinheiro depositado, e acredite quando você deposita seu dinheiro no Banco este pagar á você juros mas cobrará uma taxa de juros mais elevada para emprestar novamente a outras 8 a 12 pessoas, baseado no dinheiro que você deposita. Por exemplo com uma taxa de juros de 5 % o Banco obteria até 50% do valor do seu depósito em cada ano!
Palavras chave: sistema monetário, juros, empréstimo, dinheiro, impostos e bancos.


1.   INTRODUÇÃO

O documentário de Paul Grignon inicia-se com um apontamento interessante: “Existem dois grandes mistérios que dominam nossas vidas, e estes são o amor e o dinheiro. A questão do amor já foi muito estudada e explorada em contos, mitologias, canções, livros, filmes e programas de televisão. Mas o mesmo não se aplica à questão do dinheiro.”
No cinema a teoria monetária não teria seu destaque do oscar, afinal esta é uma matéria que nem sequer é abordada nas escolas e de pouco interesse da massa popular.
O dinheiro vem de uma máquina que cunha moedas e imprime cédulas, e isto leva a crer que o dinheiro é algo criado pelos governos. Algo que só é verdadeiro em parte, pois a Casa da Moeda responsável pela emissão de papéis, mas existem também grandes instituições privadas responsáveis pela criação de grandes quantidades de dinheiro, isso parece complexo mas é bem simples, as dívidas geram a demanda de capital “dividendo” que são negociados, ou seja, as dívidas são revendidas e geram um saldo.
O documentário de Grignon, “Money as Debt” dura apenas cerca de 47 minutos, mas ilustra de forma bastante objetiva como o dinheiro é criado, e quais são as consequências deste processo, demonstrando como a é feita a produção e a distribuição do dinheiro, num processo muito semelhante ao utilizado pelos cassinos, onde tudo é montado para enganar o ser humano, porém com alguns pontos a serem discutidos no decorrer deste trabalho.

2.   O QUE É O DINHEIRO E DE ONDE ELE VEM?

Desde os tempos mais remotos, quando ainda se utilizavam penas ou conchas como meio de troca, nunca foi possível quantificar a totalidade de dinheiro que uma determinada economia possui. Com o surgimento da moeda, foi possível estabelecer referências, determinar valores e realizar trocas de modo mais fácil, mas ainda permanecemos ignorantes quanto ao montante da riqueza que temos à disposição para operar as trocas.
Numa introdução breve aos conceitos mais básicos da teoria econômica o trabalho de Grignon deixa claro sua visão de que seu público alvo são os não economistas. Sendo claro o fato de se tomar o sistema econômico Europeu e de 1º mundo como referência.
Analisando o documentário temos a ideia do conceito que o sistema monetário trabalha sobre o "Sistema de Reservas Fracionárias", que é na verdade, , o que se conhece por Depósito Compulsório, instrumento de política econômica. As Taxas de Depósito são um instrumento de política monetária, através da qual o governo, utilizando-se de seu Banco Central, pode controlar a quantidade de moeda em circulação, o que garante o poder de compra da moeda e a taxa de inflação desejada. Utilizadas a fins de evitar a multiplicação descontrolada da moeda escritural, é utilizado pelos Bancos Centrais, obrigando a cada banco que uma parcela do dinheiro por eles captado em depósitos seja depositada junto ao Banco Central. Esta parcela é usada para que o Banco Central tenha um controle da quantidade de moeda que existe na economia do país, seja na forma de papel moeda, seja na forma de moeda escritural, e assim poder controlar a liquidez da moeda.
Um erro prático seria a proporção 9:1 mencionada para efeito da multiplicação da moeda. No Brasil a taxa de compulsório para depósitos verdadeira é de 42%, o que terá uma proporção de aproximadamente 2,4:1. Bem diferente da situação demonstrada. Isso considerando o cálculo simplificado do Multiplicador Monetário, que ainda depende do percentual de moeda em Poder do Público. Diferente do que se afirma no filme “Money as Debt”, uma economia desenvolvida requer inevitavelmente um sistema financeiro eficaz, que possa permitir a transferência dos agentes superavitários para quem possa se interessar por um empréstimo. Dado o custo de oportunidade de aplicação da moeda, cobram-se juros. Que nada mais é do que o preço do dinheiro.
Toda vez que você faz alguma compra com o seu cartão de crédito ou uma empresa, que pretende expandir sua produção e contratar novos funcionários, toma um empréstimo, a moeda escritural gerada pelo multiplicador faz-se imprescindível.
Outra diferença para o perfil brasileiro é que o Federal Reserve é um Banco Central Privado, ao contrário do Banco Central do Brasil, que é estatal. Desta forma, a criação de moeda pelo Banco Central brasileiro não cria dívida, como seu correlato norte-americano. A frase "dinheiro é dívida" é aplicável no contexto monetário dos EUA, e não no Brasil.
Pela breve análise do vídeo percebe-se que os conceitos não são aplicáveis às politicas aplicadas no mercado brasileiro devido ao diferente perfil histórico entre a provável base nacional do autor (Canadá) e o panorama brasileiro.
Ainda, o autor propõe  perguntas, às quais os economistas poderiam fornecer uma breve de maneira crítica, sendo:
- Porque o governo toma dinheiro emprestado dos bancos privados?
Para economia canadense, a qual possui Bancos Central privado e que financia a política fiscal do governo ou os EUA, tomam dinheiro emprestado dos bancos privados porque o Banco Central é privado. Porém, no Brasil, as principais instituições bancárias do governo são estatais: o BNDES, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil (que é de economia mista). O Banco Central é pertencente ao Estado e é o principal responsável pela política econômica do país.
- Como pode um sistema monetário que só funciona com crescimento acelerado ser usado para criar uma sociedade sustentável?
Sustentabilidade não é um fundamento da sociedade capitalista, ao contrário do lucro, do consumo, da propriedade privada e da acumulação. O problema da sustentabilidade é colocado a partir de uma global, que visa igualdade, ao contrário de uma estrutura capitalista, a qual argumentaria a partir da análise da distribuição da renda e da acumulação de capital. Basta observar que o único país que recebeu o mérito de economia sustentável foi Cuba.
- O que há nesse sistema que o faz totalmente dependente do crescimento perpétuo? O capitalismo, que tem como pilares a propriedade privada e o lucro, sobrevive pelo fluxo de renda e de capital que o processo produtivo possibilita. De tal forma que uma produção crescente, associada ao fluxo de moeda decorrente do comércio das mercadorias transacionadas, é intrínseca à sua existência.

3.   DISCUSSÃO

Na economia capitalista é necessário haver a circulação de dinheiro, sob qualquer forma. Se este não circula, a economia entra em colapso imediatamente. Em comparação pode ser feita entre o dinheiro e a importância do sangue que circula pelo corpo humano: é ele que irriga os vasos de todas as regiões do corpo, permitindo os movimentos, bem como o transporte dos alimentos através do corpo. Sangue parado é um problema. Assim opera o dinheiro, do mesmo modo, na economia de um país.
Ao contrário de muitas outras matérias ou commodities, o dinheiro não é um bem não renovável, tampouco há o perigo de que este venha a rarear no futuro, pois ele se trata, em grande parte, de uma criação, uma ficção originária da mente do homem, em especial nos dias de hoje, onde as trocas se operam de modo cada vez mais dinâmico, não havendo tempo para rastrear ou mapear o fluxo da moeda. A verdade é que muito do dinheiro e das trocas que realizamos todos os dias está baseada em uma ficção, ou seja, a moeda esta baseada em bens não materiais, “os dividendos”.
Devido a essa ficção, que, por exemplo, os bancos podem existir. Se o dinheiro pode ser comparado ao sangue percorrendo o corpo humano, o banco bem pode ser o coração desse sistema capitalista, pois é ele a principal instituição responsável pela circulação de dinheiro, tão importante à economia. Uma economia sem bancos é necessariamente uma economia feudal, bastante primária.
Os bancos obtém lucro com seu serviço principalmente emprestando dinheiro e cobrando taxas para depósitos. Seu sucesso depende de que nunca ocorra a temida “corrida aos bancos”, onde todo o cidadão resolve, ao mesmo tempo, ir até ao banco para reaver seu depósito. O problema é que todo o dinheiro que ingressa no banco é movimentado (investido) de alguma forma, pois, o comportamento natural do ser humano é o de aplicar seu dinheiro naquela instituição e não movimenta-o por um bom tempo, garantindo assim o sucesso da empreitada bancária, com essa garantia de que as pessoas não irão tão cedo buscar o dinheiro depositado, dando tempo ao banco que realize empréstimos e investimentos com aquele dinheiro que lhe foi confiado. O governo, ciente do papel dos bancos na economia, permite que ele crie do nada uma determinada proporção de dinheiro referente à que se encontra depositado, tendo o dono do banco uma garantia do Banco Central do país da cobertura de suas operações dentro dos limites estabelecidos.
Assim a todo o momento uma nova quantidade de dinheiro é criada, e não tem nenhum lastro, isto, é trata-se de uma moeda fiduciária, que possui a garantia nominal da solidez e da força da economia e do governo daquele país.
Assim, o papel-moeda utilizado todos os dias pelos cidadãos possui apenas uma “promessa” de troca por uma riqueza em espécie, não necessariamente disponível. Como o dinheiro precisa circular, e ele de fato está em circulação a todo o momento, permanece intangível a quantidade real de riqueza aplicada na economia e que sustentam de modo concreto todas as trocas realizadas no planeta a todo o momento, ainda mais com as operações bancárias que tratam de criar mais dinheiro constantemente, logo o colocando para circular.

4.   CONCLUSÃO

Solução para o problema proposto por Paul Grignon seria que o dinheiro necessário para o funcionamento da economia deveria ser criado pelo Estado. Isto permitiria baixar os impostos e até eliminar os juros e evitaria a formação de bolhas especulativas, o que no governo brasileiro funciona, em parte.
Respondendo a questão “de onde vem o dinheiro?” Deveria ser pelo Estado, como o Banco Central, no caso do Brasil, porém vem também do capital em constante movimento de dívidas e saldos aplicados no mercado interno e externo, mantendo a balança comercial em constante busca de equilíbrio no caso, o chamado mercado Flutuante.

REFERÊNCIAS


Moonfire Studio/Lifeboat News. O Dinheiro Como Dívida. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=NoGZ3-CMzJg&feature=player_embedded . Acesso em: 26 ago. 2011.
SALOMÃO FILHO, Calixto. Regulação da atividade econômica. São Paulo: Malheiros, 2001.
SANDRONI, Paulo. Dicionário de economia do século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005, p. 859.

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